terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Jovens Japoneses Sabem Muito Pouco Sobre Sexo, diz Especialista


 O sexo e suas consequências ainda são assuntos pouco conhecidos dos jovens japoneses, mesmo com uma maior exposição do tema na internet, de acordo com uma especialista em educação sexual entrevistada pelo jornal The Japan Times.

Asuka Someya descobriu que estava grávida aos 20 anos, quando ainda era uma estudante universitária. Sem o apoio necessário para criar um filho sozinha, ela decidiu abortar.

“Esse é um dilema que só as mulheres podem enfrentar”, disse ela ao TJT. “Essa decisão afeta a vida inteira.”

Hoje, com 30 anos, Someya fundou uma organização sem fins lucrativos dedicada a ensinar os jovens sobre saúde sexual e métodos de contracepção. Ela acredita que sua alarmante falta de conhecimento foi uma consequência da falta de educação sexual na escola.

“Os jovens aprendem que sexo é um desvio de conduta e que traz riscos, só isso”, disse ela, lamentando que a educação sexual dada nas escolas do Japão seja insuficiente para preparar os jovens.

Segundo Someya, os adolescentes não têm onde procurar aconselhamento e ficam à mercê do que é ensinado por amigos e pela internet. Ela disse também que as mães japonesas, que na maioria das famílias são as responsáveis pela educação dos filhos, geralmente evitam de falar sobre sexo porque se sentem inseguras.

Uma vez a cada dois meses, um grupo liderado por Someya promove palestras e workshops sobre comportamento e saúde sexual para jovens. Ela também faz vídeos para o YouTube sobre sexo seguro, que inclui uma demonstração de como usar corretamente o preservativo. ( Clique aqui para assistir )

De acordo com o Ministério da Saúde, os número de gravidezes que terminaram em aborto excedeu 190 mil em 2013, quando o número de nascimentos foi de pouco mais de um milhão. Isso significa que 1 em cada 5 gestações terminaram em aborto.

Especialistas dizem que o aborto no Japão se tornou comum após 1948, quando uma lei legalizou a prática para casais casados limitarem o tamanho da família após a guerra.

Enquanto o Japão luta contra o declínio populacional, mais de 80% das mulheres que optam pelo aborto têm entre 21 e 39 anos –  a geração considerada mais adequada para criar os filhos.

Além disso, o uso de pílulas anticoncepcionais ainda é muito baixo no Japão. Segundo Someya, quando se trata de contracepção, geralmente é o homem que decide sobre o uso de preservativos ou pílulas.

De acordo com as diretrizes do Ministério da Educação, revistas pela última vez em 2005, o uso de termos como “relação sexual” e “contracepção” não podem ser utilizados por professores do ensino primário e secundário.

“Eles acham que os alunos do ensino secundário são muito jovens par aprender sobre isso”, disse Someya, acrescentando que esse pensamento é resultado da preocupação de que ensinar crianças sobre a sexualidade poderia incentivar a promiscuidade.

Someya disse que a percepção da sexualidade no Japão é amplamente influenciada pela indústria da pornografia. Parte dos conteúdos, especialmente desenhos, ilustram o sexo de forma violenta e com meninas menores de idade.

Ela também observou a grande influência da internet, o que facilita a disseminação de informações enganosas ou imprecisas sobre sexo. Isso pode passar a impressão para alguns jovens de que o sexo é algo imoral.

De acordo com uma pesquisa do governo, realizada em 2011, mais de um terço dos homens japoneses com idades entre 16 e 19 anos não tinham nenhum interesse em sexo.


Fonte - www.ipcdigital.com

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